The Portrait of Dreams

Alexandra Climent

Devemos resgatar-nos da sensação de não bastar. A natureza ensina-nos que da peculiaridade nasce a maior beleza, que com frequência vem ao de cima de modos inesperados.

1. Bio

Ambientalista autodidata, exploradora, artista, membro do Explorers Club de Nova Iorque e fundadora da Endangered Rainforest Rescue, organização sem fins de lucro guiada por mulheres e indígenas, que trabalha na retoma da biodiversidade de espécies arbóreas em vias de extinção e na proteção das terras indígenas na zona de Darién Gap do Panamá. Através do seu trabalho de artista dá nova vida e visibilidade a madeiras tropicais raras de espécies em vias de extinção e, contemporaneamente, faz pesquisa científica ativa com resultados reconhecidos por institutos como o Smithsonian e o Yale Environmental Institute. Objetivos primários do seu trabalho são a reflorestação de áreas em risco, o reforço das relações com as comunidades indígenas e a resolução da desigualdade da riqueza entre a parte norte e a sul do globo.

2. A força de um sonho

Tudo iniciou na universidade, quando seguia o sonho obter a licenciatura. Para pagar os estudos trabalhava a tempo integral numa empresa de construção. Entre outros materiais havia madeiras particularmente caras. Parti para a América Central para aprender mais e, porque não, encontrar condições de negócios vantajosos. Mas, foi então que fui invadida pela beleza da floresta pluvial. Entendi num instante que não queria tomar parte da sua destruição. O meu sonho tornou-se em primeiro lugar, dar voz a estas espécies desconhecidas e maravilhosas, através da minha arte, depois protegê-las da extinção. O poder dos sonhos é esse, chama-nos ainda antes que nós saibamos. Muda juntamente com a nossa consciencialização, encontra novas formas, mais graus e coloca-nos numa ligação forte com a vida, que dá sentido a toda a existência.

3. À descoberta da verdadeira beleza

É uma viagem íntima e ao mesmo tempo feita de troca. Começa com o apaixonar-se pela floresta, passa por obras de arte originadas de madeiras mortas, de espécies em vias de extinção, transformadas depois que cada estudioso me tivesse dito que não havia modo de trabalha-la. Uma metáfora perfeita para testemunhar que com a dose certa de amor, dedicação e persistência, cada peculiaridade pode ser valorizada. Descobri uma beleza incrível ao ensinar-me a mim mesma aquilo que me diziam que não se podia fazer. A beleza em conseguir com mente aberta pelo conhecimento de outros, aprendendo da vida real, fora das salas de aula. Beleza, na cultura das populações do Dariél Gap, que ensina um mundo fundado na troca recíproca e não na hegemonia de uma parte sobre a outra.

4. Aquilo que aprendi e defenderei sempre

Verifiquei que se aprende muito com a vida real, com as pessoas. Quando alguma coisa nos chama, devemos deixar de nos perguntarmos se somos qualificados o suficiente e devemos atirar-nos de cabeça. Nós mulheres, em especial, devemos resgatar-nos da sensação de não bastar. A natureza testemunha-nos todos os dias que da peculiaridade nasce a maior beleza, que com frequência vem ao de cima de modos inesperados e que nós somos cheias de recursos. Aquilo que sonho para nós é um palco maior. Merecemos mais espaço para mostrar a nossa beleza, aquela que nasce do nosso coração e das nossas capacidades, é uma urgência pertencente a todo o mundo.

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