The Portrait of Dreams

Hajar Brown

Às vezes a sociedade põe-nos limites, às vezes criamo-los sozinhas. Temos que aprender a ser amáveis connosco e pacientes com tudo aquilo que nos rodeia.

1. Bio

Atriz, licenciada em engenharia civil no Politécnico de Madrid, conhecida ao grande público por ter interpretado Amira Naybet em Skam España, transposição espanhola de Skam, drama para adolescência norueguês do circuito Netflix. Antes de ter o papel, Hajar já tinha iniciado uma série de canais sociais, onde contava a sua vida como jovem mulher muçulmana praticante em Madrid. Foi mesmo devido a essa sua atividade que os produtores de Skam contactaram-na, inicialmente para obter indicações sobre como tratar uma das personagens da séria, Sana Bakkoush, adolescente muçulmana religiosa por opção que se depara regularmente com preconceitos, para criar Amira e, por fim, dão-lhe o papel.

2. A força de um sonho

A vida ensinou-me que nunca devemos impor um limite aos nossos sonhos. Sonhava com a TV e o cinema, mas como menina muçulmana em Espanha, não via ninguém no ecrã com aspeto ou costumes semelhantes aos meus. Por isso, nunca acreditei que poderia tornar-se no meu caminho. Aquele sonho era parte de mim, mas sempre fiz dança e teatro como passatempo, não como uma formação para trabalhar e entretanto, inscrevi-me em engenharia civil. Depois descobri as redes sociais e, de repente, podia ser vista, exprimir-me e chegar às pessoas. A potência do sonho às vezes é esta: saber persistir mesmo quando não lhe damos o devido valor.

3. À descoberta da verdadeira beleza

Conto-vos uma viagem que fala de paciência, constância e amabilidade. São conceitos que talvez não chamem muito à atenção, mas são um marco no caminho que levam à beleza do “momento certo”, aquele que revela o sentido de cada fadiga, de cada prova ultrapassada e que talvez, nos leve diretas ao nosso sonho. Quase sempre o momento certo chega apenas depois de ter entendido, verdadeira e profundamente, quem somos e o que queremos. É daí que tiramos a força para permanecer fieis aos nossos desejos com pacatez, sem raiva se não somos entendidos. Escolhi usar o hijab num país não muçulmano, sei bem do que falo.

4. Aquilo que aprendi e defenderei sempre

Acredito que a paciência seja a chave. Levar a sério o nosso sonho e nunca renunciar a fazer pequenas coisas para torná-lo realidade. A liberdade começa pela nossa coragem de ser nós mesmas, com amabilidade. Eu vejo verdadeira beleza nisso. Não é fácil, sobretudo se se opta por uma escolha ou um percurso em particular. Não podemos pretender ser entendidos a toda a força, mas não é por isso que devemos abandonar o desejo de ser vistos, de ser ouvidos. Aquilo que desejo para as mulheres é a consciencialização que merecemos ser aquilo que queremos e, mesmo se às vezes chegar a essa meta requer tempo, constância e paciência, nunca devemos pôr-nos um limite.


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